Ser mãe aos 38 anos foi, para mim, um recomeço.
Já tinha uma vida construída, uma carreira estável, minhas manias, meus silêncios. Dormia a noite toda (olha que luxo!), tomava café quente e conseguia me olhar no espelho com calma. Quando a maternidade chegou, virou tudo de cabeça pra baixo — e me virou do avesso também. Mas aos poucos, fui entendendo que não era sobre perder quem eu era, e sim sobre redescobrir.
O mito do equilíbrio
Logo no começo, ouvi muito sobre “encontrar o equilíbrio”. Mas o que ninguém conta é que ele não vem pronto, embalado numa caixa com manual de instruções. O equilíbrio, na maternidade, é um movimento constante. Às vezes, ele dura só alguns minutos. Às vezes, um dia inteiro parece funcionar. E, em outras vezes, tudo escapa das mãos. E tudo bem.
Aprendi a não romantizar. Maternidade não é capa de revista. É entrega, cansaço, culpa e amor – tudo misturado. E, mesmo assim, dá pra se reencontrar no meio disso tudo.
A vida pessoal ainda existe (mesmo que escondida)
Por um tempo, achei que eu tinha desaparecido. A mulher antes de ser mãe parecia distante. Meus hobbies ficaram esquecidos, minha vaidade adormeceu, meu tempo virou todo do bebê. Mas, com o passar dos meses, percebi que cuidar de mim também era um jeito de cuidar dele.
Hoje, me permito alguns pequenos rituais: um banho demorado quando dá, um livro aberto no criado-mudo, uma ida ao salão, um café com uma amiga. Esses respiros me reconectam comigo mesma. Não é egoísmo, é sobrevivência emocional.
E a culpa? Ah, a culpa…
Mãe que cuida de si sente culpa. E por quê? Porque nos ensinaram que ser mãe é ser 100% disponível, 24 horas por dia, todos os dias da vida. Mas a verdade é que uma mãe feliz, inteira e conectada consigo mesma é um presente ainda maior pros filhos.
Não quero que meu filho cresça achando que mulheres somem quando viram mães. Quero que ele veja em mim uma mulher real, que ama, que cuida, mas que também sonha, sente e se escolhe de vez em quando.
Dicas reais de quem vive na pele
- Aceite ajuda. Isso não te faz menos mãe. Te faz mais humana.
- Desapegue do perfeccionismo. A casa não precisa estar impecável, o prato não precisa ser gourmet, o cabelo pode estar preso e tudo bem.
- Coloque limites. Não dá pra dar conta de tudo. E você não precisa provar nada pra ninguém.
- Cultive pequenos prazeres. Um batom, uma caminhada, um episódio de série… Tudo conta.
- Converse com outras mães. Você vai perceber que não está sozinha nesse turbilhão.
Finalizando…
Ser mãe aos 38 anos me trouxe maturidade para entender que não preciso escolher entre ser mãe e ser eu mesma. Posso (e devo) ser as duas coisas. Mesmo que em doses diferentes, mesmo que aos poucos.
A vida pessoal e o equilíbrio na maternidade não são metas a alcançar. São caminhos que a gente vai traçando, com amor, paciência e muita leveza. Afinal, mãe também é gente. E merece flores, pausas e acolhimento.
Com carinho,
Mamãe sem Pressa
